“O
mar é inspiração para os pintores e músicos, verso para os poetas, energia para
os engenheiros. É sobrevivência para pescadores e resposta para cientistas.”
Ary Amarante
Nas últimas décadas, a evolução
científica permitiu o entendimento dos ecossistemas marinhos e também facilitou
a exploração dos recursos marinhos. O avanço do conhecimento acerca do ambiente
marinho nos permite hoje entender que o oceano não é uma fonte infinita de
recursos e sua capacidade de se renovar está ameaçada. O ambiente
marinho atrai interesses econômicos, mas também seduz pela sua beleza. Nesse
contexto, o mergulho autônomo se
tornou uma atividade econômica importante que leva seus praticantes a um
contato direto com a natureza e por essa razão pode ser considerado um tipo de
turismo saudável que pode estar aliado à conservação da natureza.
O turismo de mergulho
é permitido em diversos parques marinhos ao redor do mundo e pode inclusive
ajudar na conservação de tais regiões através do pagamento de taxas ambientais
provendo fundos para a conservação e através da educação ambiental dos
visitantes e praticantes do mergulho. Nos Parques Marinhos há normas rígidas
sobre onde mergulhar e como se comportar perante a vida marinha.
Segundo o Biólogo e instrutor
de mergulho autônomo, Marcelo Rennó Braga, as atividades esportivas e de lazer
relacionadas com a natureza têm conquistado muitos adeptos e poucas atividades
esportivas levam seus praticantes a um contato tão direto com a natureza quanto
o mergulho. O instrutor alerta que, nos cursos de mergulho, o aluno deve aprender técnicas de controle
de flutuabilidade, importantes para evitar que o mergulhador levante sedimentos
que podem se acumular na superfície de corais e destruí-los. Bons cursos de
mergulho devem orientar os futuros mergulhadores a não tocar e manusear espécies
marinhas.
Muitas espécies marinhas são criaturas dóceis, atacando apenas em
autodefesa. O conhecimento acerca
da vida marinha pode alertar para a necessidade da preservação de espécies e
desfazer alguns mitos, como o do “Tubarão Assassino”. A maioria das espécies de tubarões é, na verdade, inofensiva para os seres humanos.
Tubarão de Recife Caribenho em Bahamas. Foto: Arquivo pessoal. |
A maioria dos ferimentos causados por Raias, por exemplo, ocorre quando alguém acidentalmente pisa em uma raia enterrada na areia, fazendo o animal assustado levantar sua cauda.
Raia em mergulho noturno em Fernando de Noronha. Foto: Arquivo pessoal. |
Outras criaturas marinhas despertam interesse dos mergulhadores
pela beleza e exuberância. O peixe-leão possui glândulas venenosas e é
conhecido pelos espinhos dorsais e listras coloridas pelo corpo. São nativos do oceano
Indo-Pacífico, mas hoje podem ser encontrados em outras regiões do mundo (Estados
Unidos e Caribe) onde foram inseridos de forma acidental. Recentemente, o peixe-leão foi encontrado em Arraial
do Cabo (RJ) e especialistas alertam que sua presença em locais onde ele
não tem predadores gera uma reprodução muito rápida e causa impactos
devastadores no ecossistema marinho.
Peixe-leão em Bahamas. Foto: Arquivo Pessoal |
Os pequenos Nudibrânquios são moluscos que apresentam diversas
cores e formatos e apesar de pequenos, chamam atenção por sua beleza. São desprovidos de concha e por isso usam compostos
tóxicos para se defender dos seus predadores (peixes
e caranguejos). A maioria dos nudibrânquios obtém seus compostos tóxicos de
defesa através de suas presas, hidrozoários e corais. São
seres multicoloridos e as cores chamativas servem de alerta aos
predadores, que aprendem mais rapidamente que devem evitar comê-los.
Nudibrânquio Dendrodoris denisoni. Foto de Yen-Yi Lee retirada de: https://www.facebook.com/DivingPhotography |
Apesar dos sinais de exploração dos recursos marinhos, dos impactos ambientais como poluição das águas, práticas de pescas prejudiciais e mudanças globais do clima que ameaçam a sobrevivência dos recifes e das espécies marinhas, ainda é possível mergulhar com inúmeros corais, moluscos, peixes, tartarugas e animais marinhos de todo tipo.
Dependendo da forma que é praticado, o mergulho
pode ser uma ferramenta para a educação ambiental. Mergulhar estimula a
curiosidade e o conhecimento proporciona a consciência da necessidade de se
conservar o ambiente.
“No final
das contas, conservaremos apenas o que amamos, amaremos somente o que
compreendemos e compreenderemos apenas o que nos ensinam”. - Baba Dioum
Referências consultadas:
1-Amarante, A. Vida Marinha. Cultura Sub Editora, 2012.
1-Amarante, A. Vida Marinha. Cultura Sub Editora, 2012.
2-Teixeira, V. L. Caracterização
do estado da arte em biotecnologia marinha no Brasil. Brasília, DF:
Ministério da Saúde : Ministério da Ciência e Tecnologia : Organização
Pan-Americana da Saúde--Representação no Brasil, 2010.
3-http://massaliquida.blogspot.com.br/2012/03/mergulho-e-conservacao-ambiental.html
3-http://massaliquida.blogspot.com.br/2012/03/mergulho-e-conservacao-ambiental.html
4-http://g1.globo.com/rj/regiao-dos-lagos/noticia/2014/05/peixe-raro-no-brasil-e-encontrado-no-mar-de-arraial-do-cabo-no-rj.html
5- Junior, O.L. A biodiversidade inexplorada dos nudibrânquios brasileiros. Biologia e Conservação, 2008.